quinta-feira, 19 de junho de 2025

Liberte-se dessa sensação autossabotadora de inferioridade

 Reflexão: Liberte-se dessa sensação autossabotadora de inferioridade



Muitos de nós travamos batalhas silenciosas contra sentimentos de inferioridade. É aquela voz interna que diz: “Você não é capaz”, “Você nunca vai conseguir”, “Os outros são melhores”. Essa sensação autossabotadora não vem de Deus. Pelo contrário, ela nos afasta da identidade que o Senhor nos deu em Cristo.


Não estamos falando aqui de alimentar o orgulho ou a soberba — Deus resiste aos soberbos (Tiago 4:6). Estamos falando de reconhecer quem somos em Deus, com humildade e gratidão, mas também com coragem e fé. A verdadeira humildade não é pensar menos de si, mas pensar menos em si, como dizia C.S. Lewis. É enxergar-se com os olhos da graça, e não com os olhos da comparação ou da rejeição.


A Bíblia nos ensina que fomos criados à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:27). Isso por si só já basta para entendermos que há valor em nós. E mais: em Cristo, somos chamados filhos de Deus (João 1:12), e recebemos dons, talentos e uma missão única.


O apóstolo Paulo, mesmo reconhecendo suas limitações, não se deixava paralisar por elas. Ele declara com firmeza:

“Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13).

Note que ele não diz: “Posso tudo por mim mesmo”. A força não está no “eu”, mas no Senhor que fortalece. Quando nos rendemos a Ele, o medo de não ser suficiente perde seu poder.


A inferioridade torna-se autossabotadora quando nos impede de obedecer a Deus, de servir aos outros e de avançar com ousadia no propósito que Ele tem para nós. O Senhor não chamou os mais preparados, os mais bonitos, os mais influentes. Ele chamou os dispostos. Moisés dizia que não sabia falar. Gideão se achava o menor de sua casa. Jeremias dizia que era apenas uma criança. E a todos eles Deus respondeu com a mesma graça: “Eu estarei contigo.”


Se você tem lutado contra esse sentimento de não ser bom o suficiente, lembre-se: Deus não errou ao criar você. Ele não te chamou para se esconder. Ele te formou com propósito. Sua identidade não está no que os outros dizem, nem no que você sente em dias difíceis. Sua identidade está em Cristo.


Não aceite as correntes da inferioridade como se fossem parte do seu destino. Rompa com isso. Levante a cabeça. Caminhe como filho amado de Deus. Há muito mais em você do que você imagina — e é o próprio Deus quem garante isso.


Versículo para meditação:

"Porque somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que andássemos nelas."

(Efésios 2:10)


Você não é um erro. Não é um acidente. Você é obra-prima de Deus, moldado pelas Suas mãos, com um lugar no Seu plano eterno. Liberte-se dessa prisão da inferioridade. Não com arrogância, mas com confiança humilde em quem Deus te chamou para ser.

sexta-feira, 6 de junho de 2025

Deus Peleja por Nós: O Salvador que Nos Faz Vencedores

 

Deus Peleja por Nós: O Salvador que Nos Faz Vencedores


Por Paulo Eduardo
Texto Base: 2 Crônicas 20:1-30

Vivemos dias de grandes desafios. Crises financeiras, enfermidades, corações feridos por decepções e lutas espirituais nos cercam. Mas há uma mensagem de esperança: Deus peleja por nós! Em 2 Crônicas 20, a história de Josafá, rei de Judá, nos ensina que o Senhor é o Salvador que traz salvação, cura e vitória. Esta palavra é para você que precisa de ânimo, restauração e, acima de tudo, do perdão que só Jesus oferece. Abra seu coração e descubra o poder do Deus que faz os aflitos mais que vencedores!

O Contexto: Uma Batalha Impossível

Em 2 Crônicas 20:1-2, Josafá enfrenta uma coalizão de inimigos: Moabe, Amom e os Edus. Uma “grande multidão” avança contra Judá, e humanamente não há saída. Josafá teme, mas não se desespera. Ele clama ao Senhor, confia em Suas promessas e louva antes da vitória. Deus intervém, destrói os inimigos, e Judá celebra com alegria (vv. 22-27). Essa história não é apenas um relato antigo; é um retrato da salvação em Cristo! Assim como Deus livrou Josafá, Ele quer te salvar, curar e te dar vitória.

Clamor na Angústia: Deus Salva e Cura o Aflito

Quando a notícia da invasão chega, Josafá “temeu, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum” (v. 3). Ele não corre para soluções humanas; ele clama a Deus! Sua oração (vv. 6-12) é um modelo poderoso: ele exalta a soberania divina (“Não és tu Deus nos céus?”), lembra as promessas (“Destes esta terra a Abraão”) e confessa sua fraqueza (“Não temos força... mas os nossos olhos estão em ti”).

Essa é a primeira lição: na angústia, clame a Jesus! Talvez você enfrente uma enfermidade que rouba sua paz, uma ferida emocional que não cicatriza, ou a culpa que pesa em seu coração. Salmos 34:18 promete: “Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado.” Jesus é o Salvador! João 3:16 diz: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito.” Ele morreu na cruz para te perdoar e ressuscitou para te restaurar. Clame a Ele! Salmos 147:3 assegura: “Ele sara os de coração quebrantado.”

Deus ouve o clamor dos aflitos! Seja uma cura física, como a mulher do fluxo de sangue que tocou em Jesus (Mc 5:25-34), ou uma restauração emocional, como o salmista que encontrou consolo (Sl 42:11), o Senhor responde. Ele também cura espiritualmente, libertando-nos do pecado. 1 João 1:9 garante: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar.” Não se desespere; clame ao Salvador!

Confiança na Promessa: Jesus Garante Vitória ao Crente

Deus responde a Josafá pelo profeta Jaaziel: “Não temais... pois a batalha não é vossa, mas de Deus... ficai parados e vede o salvamento do Senhor” (vv. 15-17). Josafá crê: “Crede no Senhor, vosso Deus, e estareis seguros” (v. 20). Essa é a segunda lição: confie em Cristo! A vitória não vem de suas forças, mas do Salvador.

Jesus é a promessa cumprida! Ele venceu na cruz, como diz Colossenses 2:15: “Despojou os principados e as potestades.” Sua morte pagou nossa dívida; Sua ressurreição nos deu vida. Efésios 2:8-9 proclama: “Pela graça sois salvos, mediante a fé.” Creia em Jesus! Ele te salva do pecado e te faz vencedor nas lutas da vida. Romanos 8:37 afirma: “Somos mais que vencedores por aquele que nos amou.”

Talvez você enfrente crises financeiras, como a viúva que viu Deus prover (2 Rs 4:1-7). Talvez seja uma batalha emocional, como Davi, que venceu a depressão pela fé (Sl 23). Ou talvez seja uma luta espiritual. Jesus já triunfou! Romanos 8:1 garante: “Nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Confie na promessa! Jesus peleja por você, trazendo vitória e esperança.

Louvor da Salvação: A Fé que Celebra Cura e Redenção

Josafá faz algo extraordinário: antes da batalha, ele coloca levitas para louvar: “Rendei graças ao Senhor, porque a sua misericórdia dura para sempre” (v. 21). Quando começam a cantar, Deus age: “O Senhor pôs emboscadas contra os inimigos... e foram desbaratados” (v. 22). Judá encontra apenas “cadáveres” (v. 24) e retorna com alegria (v. 27). Essa é a terceira lição: louve a Deus pela salvação, cura e vitória!

O louvor é a expressão da fé! Habacuque 3:18 diz: “Eu me alegrarei no Senhor.” Louve a Deus na crise! Louve a Deus na dor! Louve a Deus pela cruz! Isaías 53:5 declara: “Pelas suas pisaduras fomos sarados.” Jesus é o Salvador que cura o corpo, restaura a alma e redime o espírito. Ele bradou: “Está consumado!” (Jo 19:30), vencendo todo mal.

Examine sua vida. Você louva ou murmura? Celebre a salvação! Se precisar de cura física, louve como o cego Bartimeu, que foi restaurado (Mc 10:46-52). Se buscar vitória emocional, louve como Ana, que encontrou paz (1 Sm 1:18). Se desejar redenção, louve como Paulo e Silas, livres na prisão (At 16:25-26). O louvor abre portas! O louvor traz milagres! O louvor glorifica o Salvador!

Conclusão: Um Convite à Salvação e à Vitória

A mensagem de 2 Crônicas 20 é clara: Deus peleja por nós! Ele salva, cura e nos faz vencedores. Jesus é o caminho! Ele te chama ao arrependimento e à fé. João 10:28 promete: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão.” Não importa sua luta — seja uma enfermidade, uma ferida ou um coração distante de Deus. Jesus é a resposta!

Hoje, renda-se a Cristo! Confesse seus pecados, creia no Salvador e receba Seu perdão. Ele cura, restaura e te dá vitória. Não saia sem se entregar! Que sua vida seja um louvor ao Deus que peleja por você. Levante-se! Creia! Viva para Jesus!

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Examinem a Vida de Vocês: Um Chamado à Santidade na Presença de Deus

 

Examinem a Vida de Vocês: Um Chamado à Santidade na Presença de Deus

Texto Base: 1 Coríntios 6:9-11

A Palavra de Deus é um espelho que revela quem somos. Em 1 Coríntios 6:9-11, o apóstolo Paulo confronta a igreja de Corinto com uma advertência solene: “Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldicentes, nem roubadores herdarão o Reino de Deus. Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.” Esta passagem é um chamado urgente à autoavaliação, ao arrependimento e à busca por uma vida santa. Hoje, ela ecoa como um convite para examinarmos nossa vida à luz da santidade de Deus.

O Contexto de Corinto: Um Desafio à Igreja

A cidade de Corinto, no século I, era um centro comercial e cultural, mas também um antro de imoralidade. Templos pagãos, como o de Afrodite, promoviam práticas que misturavam culto com prostituição. A cultura celebrava o pecado, e a expressão “viver como coríntio” era sinônimo de devassidão. Nesse cenário, Deus plantou uma igreja, chamada a ser luz em meio às trevas. Contudo, muitos crentes coríntios viviam como o mundo, professando fé em Cristo, mas abraçando práticas pecaminosas.

Paulo, com amor pastoral e firmeza profética, escreve: “Não vos enganeis!” (v. 9). Ele não está condenando, mas despertando a igreja para a realidade do pecado e a necessidade de santidade. A mesma advertência ressoa hoje. Vivemos em uma sociedade que normaliza a impureza, idolatra o sucesso e banaliza a desobediência a Deus. Como responderemos? Este artigo nos conduzirá por um diagnóstico espiritual, um exame profundo de nossa vida e um chamado à transformação pela graça de Cristo.

Um Diagnóstico Espiritual: Os Pecados que Nos Separam de Deus

Paulo lista dez pecados que caracterizavam a cultura de Corinto e ameaçavam a igreja: impureza, idolatria, adultério, práticas homossexuais (efeminados e sodomitas), roubo, avareza, embriaguez, maledicência e exploração. Esses pecados, ele alerta, impedem de herdar o Reino de Deus. Vamos examiná-los com coragem.

1. Impureza: Um Veneno para o Templo de Deus

A impureza refere-se à imoralidade sexual, como fornicação, pornografia e pensamentos impuros. Em Corinto, tais práticas eram culturalmente aceitas, mas Deus exige pureza. “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?” (1 Cor. 6:19). Jesus amplia essa exigência, declarando que até mesmo um olhar com intenção impura é adultério no coração (Mt 5:28). A impureza não é inofensiva; é uma rebelião contra o propósito de Deus para nosso corpo. Examine seu coração: há pecados secretos que você tolera?

2. Idolatria: Um Coração Dividido

O idólatra coloca algo ou alguém no lugar de Deus. Em Corinto, havia altares pagãos, mas hoje a idolatria é sutil: amor ao dinheiro, busca por status ou priorização de prazeres acima do Senhor. Deus ordena: “Não terás outros deuses diante de mim” (Êx 20:3). Paulo chama a avareza de idolatria (Cl 3:5). Quem ocupa o trono do seu coração? Há ídolos que precisam ser derrubados?

3. Adultério: A Quebra da Aliança Sagrada

Adultério é a infidelidade no casamento, seja física ou emocional. Jesus ensina que o desejo impuro já é adultério (Mt 5:28). Em Corinto, a infidelidade era comum, mas Deus vê o casamento como uma aliança que reflete o amor de Cristo pela Igreja (Ef 5:25). Para os solteiros, a exigência é a mesma: pureza. Você honra sua aliança ou vive para a carne?

4. Práticas Homossexuais: Fora do Plano de Deus

Os termos “efeminados” e “sodomitas” referem-se à prática homossexual, ativa ou passiva. A Bíblia é clara: Deus criou a sexualidade para o casamento entre homem e mulher (Gn 2:24). Práticas fora desse padrão são pecado (Rm 1:26-27). Deus ama cada pessoa, mas chama ao arrependimento. Você alinha sua vida ao padrão divino ou se conforma à cultura?

5. Roubo e Avarenta: A Escravidão ao Dinheiro

Ladrões tomam o que não lhes pertence, incluindo reter dízimos e ofertas de Deus. Avarentos são escravizados pelo amor ao dinheiro. Paulo alerta: “O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6:10). Em Corinto, a ganância era comum, mas Deus chama à generosidade e confiança n’Ele. Você é fiel com seus bens?

6. Embriaguez: A Perda do Controle

A embriaguez, seja por álcool ou outros vícios (como redes sociais ou trabalho), é a perda da sobriedade que Deus exige. “Sede sóbrios, vigiai” (1 Pe 5:8). Em Corinto, as festas pagãs promoviam excessos, mas o crente é chamado à liberdade. O que controla sua vida?

7. Maledicência e Exploração: A Língua que Destrói

Maldicentes difamam e semeiam discórdia. Roubadores exploram outros para ganho próprio. Tiago adverte: “A língua é fogo” (Tg 3:6). Em Corinto, essas práticas eram comuns, mas Deus exige palavras que edifiquem e ações justas. Suas palavras abençoam ou amaldiçoam?

Examine Sua Vida: Um Chamado à Autoavaliação

Paulo não apenas lista pecados; ele nos convida a olhar no espelho da Palavra. “Não vos enganeis!” (v. 9) é um alerta contra a autodecepção. Muitos em Corinto professavam fé, mas viviam como pagãos. Hoje, enfrentamos o mesmo risco. Três verdades nos guiam nesse exame.

1. A Realidade do Pecado

O pecado é uma realidade na vida do crente. Enquanto vivermos, enfrentaremos a luta entre carne e Espírito (Gl 5:17). Contudo, o perigo está em normalizá-lo. Em Corinto, alguns tratavam o pecado como aceitável, mas ele é uma tragédia espiritual. Não é liberdade, mas escravidão; não é expressão, mas rebelião. Você tolera pecados, tratando-os como normais? A Palavra de Deus chama à vigilância.

2. A Consequência do Pecado Não Arrependido

Paulo avisa: “Os injustos não herdarão o Reino de Deus” (v. 9). Uma vida sem arrependimento nos afasta da comunhão com Deus. O pecado não confessado escraviza e rouba a plenitude espiritual. “De Deus não se zomba” (Gl 6:7). Em Corinto, alguns se diziam irmãos, mas suas ações negavam sua fé. Examine-se: há pecados escondidos que você precisa confessar?

3. A Esperança da Transformação

A boa notícia está no versículo 11: “Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados.” Não importa seu passado; Jesus transforma! Em Corinto, ex-pecadores foram renovados pela graça. O sangue de Cristo lava, o Espírito santifica, e Deus justifica. Você crê nesse poder? O pecado pode ser realidade, mas não é sua identidade.

Vivam na Santidade: Um Chamado à Vida Consagrada

Deus não nos chama apenas para evitar o pecado, mas para viver em santidade. “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1:16). Santidade é separação do pecado e consagração a Deus, um compromisso diário de agradá-Lo.

O Que é Santidade?

Santidade é dizer “não” à carne e “sim” ao Espírito. É viver para a glória de Deus em cada área da vida. Em Corinto, a igreja precisava ser diferente do mundo. Hoje, também somos chamados a não nos conformar (Rm 12:2). Santidade não é perfeição, mas uma batalha constante pela obediência.

Como Viver em Santidade?

  1. Arrependimento: Confesse seus pecados. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar” (1 Jo 1:9).

  2. Dependência do Espírito Santo: Deixe o Espírito guiar. “Andai no Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5:16).

  3. Imersão na Palavra: Medite nas Escrituras. “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11).

O Exemplo de Cristo

Jesus é nosso modelo. Ele viveu sem pecado, venceu a tentação e morreu por nós. “Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12:2). Siga Seus passos, e sua vida glorificará a Deus.

Conclusão: Um Convite à Transformação

A mensagem de 1 Coríntios 6:9-11 é clara: examine sua vida! Os pecados listados por Paulo são reais, mas a graça de Cristo é maior. Você foi lavado, santificado e justificado. Não se engane, tolerando o pecado. Não viva como o mundo, mas como filho de Deus.

Hoje, Deus te chama ao arrependimento. Confesse seus pecados, renda-se ao Espírito e viva na Palavra. Que sua vida seja um testemunho de santidade, refletindo a glória do Deus que te transformou. Não adie! Hoje é o dia de dizer: “Senhor, lava-me, santifica-me, usa-me!”

quinta-feira, 29 de maio de 2025

O Pão e Circo Gospel

 

O Pão e Circo Gospel


Por mais de 20 anos, tenho servido como missionário no Nordeste do Brasil e em todo o país, uma região marcada por sua fé vibrante, mas também por desafios espirituais profundos. Ao longo dessa jornada, tenho observado um fenômeno que me preocupa: o que chamo de "pão e circo gospel". Em muitas igrejas, a essência da fé cristã tem sido substituída por um ciclo de eventos, festividades e entretenimento, que, embora atraia multidões, muitas vezes falha em formar discípulos sólidos. Como na Roma Antiga, onde governantes usavam pão e circo para distrair o povo, algumas igrejas hoje oferecem um evangelho superficial, que entretém, mas não transforma. Este artigo reflete sobre esse desvio, resgata o fundamento da fé em Jesus Cristo e chama a igreja a retornar ao estudo bíblico como base para uma vida cristã autêntica.

Pão e Circo: A Estratégia da Roma Antiga

Na Roma Antiga, a expressão "pão e circo" descrevia uma tática dos governantes para controlar a população. O povo, sobrecarregado por pobreza e desigualdades, recebia trigo gratuito e espetáculos grandiosos, como lutas de gladiadores e corridas de bigas. O pão saciava a fome; o circo, com sua emoção, desviava a atenção dos problemas reais. Essa combinação criava dependência e apatia, fazendo com que os cidadãos se contentassem com benefícios imediatos, sem questionar a opressão ou buscar mudanças. O poeta Juvenal, ao cunhar a frase, lamentava que o povo havia trocado sua liberdade e responsabilidade por comida e diversão.

Essa estratégia, embora antiga, ecoa em nossa sociedade e, infelizmente, em algumas igrejas. Assim como Roma usava entretenimento para evitar questionamentos, muitas comunidades cristãs têm adotado um modelo que prioriza eventos e emoções, em vez de profundidade espiritual. O "pão e circo gospel" é a versão moderna dessa tática, e seus efeitos são alarmantes.

O Pão e Circo Gospel nas Igrejas

No Nordeste e em todo o país, onde a fé é parte da identidade cultural, as igrejas têm um papel central. No entanto, em muitas delas, observo um padrão preocupante: a transformação da adoração em espetáculo. Congressos, shows gospel, festivais e eventos temáticos dominam a agenda, atraindo multidões com promessas de bênçãos rápidas e experiências emocionais. Essas atividades, por si só, não são erradas. Estratégias criativas podem, sim, alcançar pessoas para Cristo, como os cultos ao ar livre ou eventos comunitários ou temáticas, programações que abrem portas para o evangelho. O problema surge quando o entretenimento se torna o centro, e o fundamento da fé – Jesus Cristo e Sua Palavra – é relegado a segundo plano.

O "pão" gospel é oferecido na forma de promessas de prosperidade, curas instantâneas e soluções rápidas para os problemas da vida. Muitos são atraídos por mensagens que garantem bênçãos materiais, sem o chamado ao arrependimento, à santidade ou à cruz. O "circo" aparece nos eventos que mais parecem shows, com luzes, som alto e performances que rivalizam com o entretenimento secular. Essas igrejas se tornam centros de atração, onde as pessoas vão em busca de alívio temporário, mas saem sem uma base sólida para enfrentar as lutas da vida cristã.

Como missionário, tenho visto o resultado disso. Membros que lotam os eventos, mas não conhecem a Bíblia. Jovens que vibram nos cultos, mas não sabem explicar sua fé. Famílias que dependem de "experiências espirituais" para se manterem na igreja, mas desmoronam diante das provações. Esse pão e circo gospel prende as pessoas a movimentos e líderes carismáticos, mas não as firma em Cristo. É uma fé frágil, que não resiste às tempestades.

O Fundamento da Fé: Jesus e a Palavra

A Bíblia é clara sobre o que sustenta a vida cristã. Em Mateus 7:24-25, Jesus ensina que o sábio constrói sua casa sobre a rocha, ouvindo e praticando Suas palavras. Quando as tempestades vêm, essa casa permanece firme. A rocha é Jesus Cristo, revelado nas Escrituras, e o estudo bíblico é o meio pelo qual conhecemos e obedecemos a Ele. Em 2 Timóteo 3:16-17, Paulo afirma: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” A Palavra de Deus é a base que forma discípulos maduros, capazes de viver para a glória de Deus.

No entanto, o pão e circo gospel muitas vezes ignora essa base. Em vez de ensinar a Bíblia, algumas igrejas oferecem mensagens motivacionais que agradam, mas não confrontam o pecado ou chamam ao discipulado. Em vez de formar crentes que conhecem a Cristo, criam consumidores de eventos, dependentes de emoções passageiras. Hebreus 5:12-14 alerta contra isso, descrevendo crentes que, embora antigos na fé, ainda precisam de “leite” espiritual, incapazes de lidar com o “alimento sólido” da Palavra. Uma igreja que vive de festividades, mas negligencia o estudo bíblico, está formando bebês espirituais, não guerreiros de Deus.

Jesus é o centro da fé cristã. Em Colossenses 2:6-7, Paulo exorta: “Como, pois, recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, enraizados e edificados nele e confirmados na fé.” Nossa vida cristã deve ser enraizada em Cristo, não em eventos ou líderes. Ele é o Pão da Vida (João 6:35), que sacia nossa fome espiritual, e a Verdade que nos liberta (João 8:32). Qualquer coisa que tire o foco dEle – seja entretenimento, promessas fáceis ou carisma humano – é um desvio perigoso.

O Chamado ao Retorno aos Fundamentos

Diante do pão e circo gospel, o que fazer? Como missionário, acredito que o caminho é um retorno humilde aos fundamentos da fé. Primeiro, as igrejas devem priorizar o ensino bíblico. Isso não significa cultos monótonos ou sermões complicados, mas um compromisso com a Palavra que seja acessível, prático e transformador. Escolas bíblicas, pequenos grupos de estudo e pregações centradas nas Escrituras são ferramentas poderosas para formar discípulos que conhecem a Deus e vivem para Ele.

Segundo, precisamos recentralizar Jesus. Ele não é apenas um meio para bênçãos; Ele é o Salvador, o Senhor, o alvo de nossa adoração. Em Apocalipse 2:4-5, Jesus repreende a igreja de Éfeso por abandonar o “primeiro amor” e a chama ao arrependimento. Muitas igrejas hoje precisam ouvir esse chamado: voltar a amar Jesus acima de tudo, colocando-O no centro de cada culto, evento e decisão.

Terceiro, devemos equilibrar estratégias evangelísticas com discipulado. Eventos e festividades podem ser portas de entrada, mas não podem ser o destino. Em Mateus 28:19-20, Jesus ordena: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações [...] ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado.” Ganhar almas é apenas o começo; ensinar a Palavra é o que as firma na fé.

Por fim, como crentes, devemos ser vigilantes. Em 1 Pedro 5:8, somos alertados: “Sede sóbrios, vigiai, porque o vosso adversário, o diabo, anda em derredor, como leão que ruge, procurando alguém para devorar.” O entretenimento gospel pode ser uma armadilha sutil, que nos distrai da verdadeira comunhão com Deus. Devemos buscar igrejas que nos desafiem a crescer, não que apenas nos confortem com diversão.

Conclusão

Após 20 anos de ministério no Nordeste, meu coração se entristece ao ver o pão e circo gospel tomando o lugar da verdadeira adoração. Eventos e festividades têm seu valor, mas nunca podem substituir o fundamento da fé: Jesus Cristo e Sua Palavra. Como na Roma Antiga, onde o povo trocou a liberdade por pão e circo, muitas igrejas hoje correm o risco de trocar a transformação espiritual por entretenimento passageiro.

Meu apelo é para que líderes e crentes retornem aos fundamentos. Que nossas igrejas sejam lugares de ensino bíblico, onde Jesus é exaltado, e discípulos são formados. Que no Nordeste e em todo o país sejamos uma igreja que vive para a glória de Deus, enraizada na Verdade, e não seduzida pelo pão e circo da religiosidade. Como diz 1 Coríntios 3:11: “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” Que Ele seja nosso tudo, hoje e sempre.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Deus dá força aos cansados: Uma Palavra para o Coração

 

Deus dá força aos cansados: Uma Palavra para o Coração


Vivemos tempos em que o cansaço da alma tem sido uma realidade para muitos. A rotina pesada, os problemas familiares, as dificuldades financeiras e as incertezas do amanhã fazem com que muita gente se sinta esgotada, sem forças para seguir.

Mas a Palavra de Deus nos lembra que há um Deus que vê o nosso coração e não nos abandona no meio das lutas. Em Isaías 40:28-31, na versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), lemos:

"Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, não se cansa nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam."

Essa mensagem é para você que está se sentindo fraco, desanimado, sem forças para lutar. Deus dá força ao cansado!

Deus dá força ao cansado

A Bíblia não diz que Deus dá força para quem já é forte. Ele dá força ao cansado. Isso significa que Deus não espera que você seja perfeito, forte, bem-sucedido para depois agir. Não! É quando você admite: "Senhor, eu não aguento mais", que Ele entra em cena.

E Deus multiplica as forças. Ele não dá só um pouco, Ele aumenta, amplia, faz transbordar. Muitas vezes, a gente mede os outros com uma régua alta, exige fé, santidade, postura… mas para nós mesmos, usamos uma régua baixa e ainda dizemos: "Ah, Deus sabe que minha vida é difícil."

Hoje, Deus está nos chamando para parar de olhar tanto para a vida dos outros e olhar para o nosso próprio coração. Ele quer que você diga: "Senhor, eu preciso da Tua força, eu estou cansado, me ajuda."

Subir como águia: Deus quer te levar a novos voos

O texto diz: "Subirão com asas como águias."

A águia voa alto, voa acima das tempestades, e quando sobe, ela enxerga longe. Ela não fica presa no chão, nem se deixa dominar pelas dificuldades.

É isso que Deus quer fazer com você! Ele quer te tirar do chão, te dar uma nova visão, fazer você olhar para os problemas com os olhos da fé.

Talvez você esteja achando que não vai suportar a tempestade, mas Deus está dizendo: "Eu vou te levantar, vou te fazer subir, vou renovar a tua visão."

Correr, caminhar e não desanimar

A promessa de Deus continua: "Correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão."

Isso significa que mesmo no meio da caminhada difícil, Deus vai ser a sua força.

Você vai continuar sua jornada, enfrentando os desafios do dia a dia, mas Deus vai renovar suas forças. Mesmo quando o cansaço bater à porta, Deus vai dizer: "Eu estou aqui, eu vou te sustentar."

Não significa que não haverá lutas, mas que você não vai parar no meio do caminho, porque Deus estará contigo em cada passo.

Uma decisão para hoje

Se você está lendo este artigo e ainda não entregou sua vida a Jesus, saiba que a maior força que você precisa é a da salvação. Sem Cristo, todos nós somos fracos, perdidos e sem rumo.

Mas quando aceitamos Jesus como Salvador, Ele nos dá vida nova, perdão, esperança e força verdadeira.

Hoje, Deus está chamando você para uma nova vida. Não espere mais! Diga: "Senhor Jesus, eu quero Te aceitar, quero Te entregar minha vida, quero Te seguir."

Que Deus te abençoe!

Paulo Eduardo
onordestino.com.br

Examine o Homem a Si Mesmo

 


Examine o Homem a Si Mesmo

O apóstolo Paulo, escrevendo à igreja de Corinto, faz uma exortação clara e poderosa: "Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice" (1 Coríntios 11.28). Este versículo é, sim, um chamado solene para que cada cristão se prepare com reverência para participar da Ceia do Senhor. Contudo, o princípio que ele traz ecoa muito além do momento específico da mesa do Senhor: é um chamado constante para olharmos para dentro de nós mesmos, para a nossa vida, nossa santidade e nossa obediência a Deus.

Vivemos em uma época em que a tendência humana é olhar mais para a vida alheia do que para a própria. Julgamos com facilidade as atitudes dos outros, comentamos suas falhas, apontamos suas incoerências e, muitas vezes, nos esquecemos de aplicar o mesmo zelo à nossa própria caminhada com Deus. Aliás, há algo curioso e, ao mesmo tempo, perigoso no coração humano: a régua que usamos para medir a vida dos outros costuma ser mais alta, mais rígida, mais exigente. Mas, quando olhamos para nós mesmos, muitas vezes baixamos o padrão e ainda justificamos, dizendo: "Ah, mas Deus sabe que a minha vida é mais difícil...". É como se tentássemos aliviar nosso pecado e pesar o do outro com mais severidade. Isso, além de ser injusto, nos impede de experimentar a verdadeira graça e o crescimento espiritual.

O chamado para examinar a si mesmo é um convite à reflexão honesta e sincera sobre o estado da nossa alma. Como está a nossa vida de oração? Temos cultivado um coração puro diante de Deus ou temos tolerado pecados ocultos? Nosso amor por Deus e pelo próximo tem crescido ou esfriado? Temos obedecido à vontade de Deus ou escolhido caminhos mais fáceis, ainda que distantes de Sua Palavra? Como temos lidado com o orgulho, a vaidade, a mentira, o rancor, a falta de perdão? São perguntas que precisam ser feitas e, mais importante ainda, precisam ser respondidas com seriedade e arrependimento.

A santidade não é um adorno opcional na vida do cristão — é um mandamento. Em 1 Pedro 1.16, o Senhor nos ordena: "Sede santos, porque eu sou santo". A obediência a Deus não é uma escolha para momentos convenientes, mas o caminho de vida que Ele espera de nós. Paulo escreve aos coríntios para que eles se examinem antes de participar da Ceia porque participar do Corpo e do Sangue do Senhor sem discernimento é comer e beber juízo para si (1 Coríntios 11.29). Mas o princípio é válido para toda a vida cristã: viver sem discernimento, sem autoexame, sem arrependimento, é colocar a alma em perigo.

Por isso, quando deixamos de lado o hábito de julgar os outros e passamos a considerar cada um os outros superiores a si mesmo (Filipenses 2.3), como Paulo também ensina, a vida na igreja se torna muito mais saudável. Uma igreja onde cada crente está mais preocupado em examinar o próprio coração do que em apontar as falhas alheias é uma igreja onde há menos espaço para fofocas, intrigas e disputas. É um lugar onde o amor é mais forte do que o orgulho, onde o serviço é mais valioso do que a vaidade, e onde o nome de Cristo é exaltado.

Quando o padrão que usamos para medir os outros é mais alto do que o que usamos para nós mesmos, a igreja sofre. Mas quando invertemos essa lógica e baixamos nossa régua para o próximo, oferecendo graça e misericórdia, e elevamos o padrão para nós mesmos, buscando viver em santidade, a igreja floresce. O ambiente se torna mais leve, mais acolhedor, mais parecido com o que Deus deseja: um corpo que cresce unido, em amor.

Portanto, que cada um de nós tome a decisão de olhar menos para a vida dos outros e mais para o próprio coração. Que, antes de criticar o irmão, perguntemos: Como está o meu coração diante de Deus? Tenho obedecido à Sua Palavra? Tenho vivido em santidade? Que paremos de justificar nossos erros com a frase "Ah, Deus sabe que minha vida é mais difícil..." e passemos a encarar a santidade como um chamado inegociável.

Que o Senhor nos ajude a viver com mais graça, mais humildade e mais amor, para que nossa igreja seja um ambiente saudável, forte e cheio da presença de Deus.

sábado, 10 de maio de 2025

Bipolaridade Espiritual: Como Sair da Montanha-Russa da Fé

 

Bipolaridade Espiritual: Como Sair da Montanha-Russa da Fé

Por Paulo Eduardo


A vida cristã é uma jornada de fé, mas, para muitos, ela se assemelha a uma montanha-russa espiritual. Num dia, o coração está em chamas – orações fervorosas ressoam, a paixão por Deus transborda, e o desejo de viver para Ele é incontrolável. No outro, um deserto: a fé parece desvanecer, Deus é deixado de lado, e a vida espiritual vira um eco distante, como se o compromisso com Cristo fosse opcional. Essa bipolaridade espiritual é exaustiva. Ela desgasta o crente, rouba a consistência que a fé exige, fragiliza a caminhada com Deus, e impede que sirvamos na igreja com os dons que o Senhor nos confiou. Como missionário no campo há mais de 20 anos, tenho visto irmãos lutarem nesse vaivém, e meu desejo é que este artigo os ajude a encontrar estabilidade, viver uma fé firme, e servir a Deus com propósito.

A Montanha-Russa da Fé

Imagine uma árvore com raízes rasas, balançando ao menor vento. Assim é o cristão preso à bipolaridade espiritual. Sem raízes profundas, ele oscila entre fervor e apatia, levado por emoções, circunstâncias, ou pressões externas. Um culto poderoso o eleva às alturas, mas uma crise ou distração o joga no deserto. Essa instabilidade é perigosa. Em Tiago 1:6-8, a Bíblia adverte: “Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois é homem de ânimo dobre, instável em todos os seus caminhos.” Tiago expõe o risco da dupla mentalidade – um coração dividido, incapaz de se firmar, que enfraquece a fé e limita o serviço a Deus.

Por que caímos nessa montanha-russa? Três causas principais se destacam: raízes fracas na Palavra, negligência da disciplina espiritual, e a busca por emoções em vez de uma fé sólida.

Raízes Fracas: A Falta de Alicerce na Palavra

A primeira causa é a falta de raízes profundas na Palavra de Deus. Jesus, em Mateus 7:24-27, compara o crente sábio a quem constrói sua casa sobre a rocha, resistindo às tempestades. O insensato constrói na areia, e sua casa desaba. Muitos cristãos vivem na areia – sem um alicerce bíblico, sua fé oscila com emoções ou crises. Uma dificuldade familiar, financeira, ou emocional abala quem não está firmado na verdade divina.

Pense em Pedro, em Mateus 14:28-31. Ele caminhou sobre as águas ao fixar os olhos em Jesus, mas afundou ao olhar as ondas. Sua fé era genuína, mas suas raízes eram frágeis, vulneráveis ao medo. Quantos de nós somos assim? Num momento, louvamos com fervor; no outro, a dúvida nos engole. A solução é mergulhar na Palavra diariamente. Salmo 1:2-3 promete que quem medita na lei do Senhor “será como árvore plantada junto a ribeiros de águas, que dá seu fruto no devido tempo.” Raízes fortes na Bíblia nos mantêm firmes e nos preparam para servir na igreja com consistência.

Negligência: Abandonando a Disciplina Espiritual

A segunda causa é a negligência da disciplina espiritual. A.W. Tozer alertava: “O cristão que não cultiva sua vida interior diariamente logo se torna um estranho para si mesmo e para Deus.” Sem oração regular, leitura bíblica, e adoração, o coração fica à mercê de altos e baixos. É como um atleta que para de treinar – ele perde força. Muitos tratam a vida espiritual como secundária, e o resultado é a instabilidade, que também impede o uso eficaz dos dons espirituais na igreja.

Considere Davi, em 2 Samuel 11. Ao negligenciar sua comunhão com Deus, ficando em Jerusalém em vez de liderar, caiu em pecado com Bate-Seba. Sua desconexão abriu a porta para a fraqueza. Quantos de nós pulamos a oração ou a leitura bíblica, e depois nos vemos frágeis? Hebreus 12:11 diz que a disciplina “produz fruto pacífico de justiça.” Na correria moderna, distrações como redes sociais consomem tempo – estudos apontam que brasileiros passam horas online diariamente. Mas quantos reservam 30 minutos para Deus? Um plano simples é fixar um horário – como Jesus, que orava de madrugada (Marcos 1:35) – para orar, ler um capítulo da Bíblia, e refletir. Essa consistência estabiliza a fé e capacita para o serviço.

Busca por Emoções: O Engano dos Sentimentos

A terceira causa é a busca por experiências emocionais em vez de uma fé alicerçada na verdade. Muitos cristãos vivem atrás de “momentos espirituais” – um culto vibrante, uma canção que arrepia. Mas Charles Spurgeon advertia: “Não viva de sentimentos, mas da fé na Palavra imutável de Deus.” Sentimentos são inconstantes; se a fé depende deles, oscilamos como ondas. Essa busca também nos faz negligenciar os dons que Deus nos deu, pois esperamos “sentir” algo para servir.

Em Juízes 6:36-40, Gideão pediu sinais repetidos, duvidando do chamado de Deus. Sua fé oscilava por buscar emoções, não a promessa divina. Quantos celebram Deus no louvor, mas questionam Sua presença na dor? Habacuque, porém, nos inspira em Habacuque 3:17-18: “Ainda que a figueira não floresça, [...] eu me alegro no Senhor.” A cultura do imediatismo – vídeos curtos, gratificação instantânea – agrava isso, condicionando-nos a rejeitar a constância. Romanos 10:17 nos corrige: “A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.” Uma fé firme na Palavra nos liberta da montanha-russa e nos capacita a servir com propósito.

Consequências da Instabilidade

A bipolaridade espiritual tem consequências graves. Primeiro, fragiliza o testemunho cristão. Um crente instável confunde quem o observa, pois sua vida não reflete a constância de Cristo (Mateus 5:16). Segundo, limita o crescimento. Como uma planta sem água, o crente não amadurece, preso em ciclos infantis (Hebreus 5:12). Terceiro, prejudica o serviço na igreja. Como usar os dons de ensino, hospitalidade, ou liderança se a fé oscila? 1 Coríntios 12:7 diz que os dons são para o “proveito comum”, mas a instabilidade nos torna ineficazes. Quarto, afasta de Deus. Tiago 1:8 chama o instável de “homem de ânimo dobre”, incapaz de receber bênçãos plenas. Essa montanha-russa rouba a intimidade com o Pai.

O Caminho para a Estabilidade e o Serviço

Como superar a bipolaridade espiritual e ser útil na igreja? A Bíblia aponta três passos: cultivar uma vida devocional diária, ancorar-se na Palavra, e depender do Espírito Santo. Esses passos estabilizam a fé e capacitam para servir com os dons que Deus nos deu.

1. Vida Devocional Diária: Reserve 15 minutos diários para orar, ler um Salmo, ou meditar em um versículo. Filipenses 4:6-7 promete paz quando oramos com gratidão. Daniel, em Daniel 6:10, orava três vezes ao dia, mesmo sob ameaça. Sua consistência o manteve firme, pronto para servir a Deus em qualquer circunstância. Muitos crentes que oram regularmente encontram força para servir – seja acolhendo irmãos, liderando grupos, ou evangelizando.

2. Ancorar-se na Palavra: Memorize versículos como Salmo 119:105 (“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra”) para guiá-lo nos desertos. A Palavra fortalece as raízes, dando clareza para usar seus dons. Em Romanos 12:6-8, Paulo lista dons como ensino, exortação, e serviço, que dependem de um alicerce bíblico para florescer. Um cristão que estuda a Bíblia regularmente está mais preparado para edificar a igreja com seus talentos.

3. Depender do Espírito Santo: Gálatas 5:16 nos exorta a andar no Espírito, que nos capacita a resistir às oscilações. O Espírito desperta e desenvolve os dons (1 Coríntios 12:4-11). Ana, em 1 Samuel 1:10-20, orou com fé, movida pelo Espírito, e Deus a usou para abençoar Israel através de Samuel. Um crente que busca o Espírito em oração diária vê seus dons crescerem, servindo a igreja com eficácia.

Servindo com os Dons e Desenvolvendo-os

Ser útil na igreja é responder ao chamado de Deus para servir com os dons que Ele nos confiou. Em 1 Pedro 4:10, lemos: “Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” Seja seu dom ensinar, ajudar, liderar, ou encorajar, ele é para a edificação da igreja. Mas uma vida instável sufoca esses dons. Como liderar com consistência se a fé oscila? Como evangelizar se duvidamos? A estabilidade espiritual é o solo onde os dons crescem.

Para desenvolver seus dons, tome passos práticos: identifique seu dom através de oração e conversa com líderes; sirva onde está, seja orando por irmãos, acolhendo visitantes, ou participando de ministérios; e busque crescimento, estudando a Palavra e aprendendo com irmãos maduros. A disciplina espiritual é essencial. Um crente que ora e lê a Bíblia diariamente está mais apto a usar seus dons com impacto, como Ana, cuja fé perseverante a tornou um instrumento de Deus.

Um Apelo à Consistência e ao Serviço

Irmãos, Deus não quer que você viva na montanha-russa da bipolaridade espiritual. Ele te chama à firmeza, como Paulo exorta em 1 Coríntios 15:58: “Sede firmes, inabaláveis, sempre abundantes na obra do Senhor.” Não deixe sua fé ser levada por emoções ou distrações. Plante suas raízes na Palavra, cultive a disciplina, dependa do Espírito, e sirva na igreja com os dons que Deus te deu. Saia do vaivém e viva uma fé estável, que glorifica a Deus e edifica Sua casa.

Talvez você esteja cansado dessa instabilidade. Hoje, te convido: comprometa-se com Deus. Reserve um momento diário para orar, abra sua Bíblia, e peça ao Espírito que te firme. Descubra seus dons, sirva onde Deus te colocou, e veja seus talentos crescerem para Sua glória. Oro para que sua fé seja como um rio constante, brilhando como luz no mundo e abençoando a igreja.